Attitude – Do you want to learn English?
(Quer aprender inglês?)

Existe uma enorme diferença entre querer e precisar falar inglês. Quando eu trabalhava numa indústria farmacêutica, contratei um jovem engenheiro, que provou ser muito inteligente e capaz, mas não falava inglês. Naquele tempo, isso não chegava a ser uma falha em seu currículo profissional para o cargo disponível. Hoje seria.

Certo dia, estávamos em minha sala quando atendi a um telefonema internacional. Durante alguns minutos, enquanto eu falava em inglês, ele prestava muita atenção. Assim que desliguei, comentou que havia entendido um pouco do que eu falava, mas não muito. “Eu preciso aprender inglês”, disse, determinadamente.

“Ótimo. Mas será que você quer aprender? Ou apenas precisa? Ou simples mente gostaria?”, indaguei. Perplexo, ainda sem saber a diferença entre as três atitudes, ele arriscou dizer: “Eu quero aprender.”

Pois bem, eu quis saber qual era o seu vocabulário, ou seja, quantas palavras ele conhecia em inglês até aquele momento. Ele não soube responder. Pedi uma ordem de grandeza. Cinquenta, cem, duzentas, quinhentas, mil, cinco mil palavras?

“Acho que umas duzentas”, disse. Em seguida, perguntei sua idade, embora já soubesse que ele tinha 27 anos, para poder apresentar-lhe alguns cálculos. Vamos supor que você conheça 210 palavras e que a sua idade seja 30 anos.

210 palavras =  7 palavras/ano
ano 30 anos

Era essa a situação do jovem engenheiro, então não pude deixar de desafiálo. “Parabéns. Você disse que quer aprender inglês e até hoje aprendeu sete palavras por ano, apenas.” Ele abaixou a cabeça e murmurou: “Pô!”

Muitas pessoas vivem dizendo que querem aprender inglês, quando apenas precisam dele para uma situação específica ou simplesmente gostariam de falar esse idioma, por qualquer razão, mas na realidade não querem aprender. Pois quem realmente quer, faz.

“É, você tem razão, tem diferença”, admitiu o recém-contratado engenheiro. Então contei a ele como aprendi a falar português e fiz algumas recomendações. Quando cheguei ao Brasil, em 1967, desembarquei de um navio no Porto de Santos com o vasto vocabulário de cinco palavras. “Bom dia, cinzeiro, por favor.”

O mínimo que um fumante precisaria durante uma viagem de 16 dias de Londres até aqui.

Fui ampliando lentamente meu vocabulário de português e adotei o hábito de folhear o dicionário todos os dias e selecionar quaisquer dez palavras
aleatoriamente. Anotava-as num papelzinho e carregava-as comigo durante todo o dia, tentando usá-las em todas as oportunidades.

“É uma boa ideia. Acho que vou fazer o mesmo com as palavras em inglês”, disse o meu companheiro. Mas, como ele trabalhava em média dez horas por dia, a família estava crescendo, fui generoso e sugeri que gravasse apenas cinco palavras por dia. Já seriam mais ou menos 1.500 ao ano.
Esse episódio ocorreu pela manhã. A tarde, fui até sua sala e falamos sobre o trabalho realizado naquele dia, as decisões tomadas. Por fim, sobre a lista de palavras. “Nem tive tempo”, argumentou.

No dia seguinte, no final da tarde, conversamos novamente e repetimos o mesmo diálogo. E no terceiro dia, novamente. Só que, antes da minha pergunta final, ele se adiantou: “Pode falar o que quiser, mas não tive tempo.” Rimos bastante, afinal eu não estava ali na condição de instrutor e não tinha qualquer comprometimento com o seu aprendizado.

Moral da história? Vamos reconhecer os três tipos de atitudes referentes ao aprendizado do inglês. Existem pessoas que:

• gostariam,
• precisam,
• e querem aprender inglês.
É óbvio que todos nós gostaríamos de aprender uma ou mais línguas. Eu, por exemplo, gostaria muito de falar francês e italiano, considero esses idiomas lindíssimos, mas não movo uma palha sequer para estudá-los.

A maioria das pessoas que procura uma escola ou um professor de inglês precisa deles por algum motivo. Hoje, a maioria dos meus alunos é composta
por executivos já convencidos da importância do inglês no mundo dos negócios. Mas, enquanto eles não desenvolvem o querer, não progridem.

 

Texto de Michael A. Jacobs

Comments

comments

0 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *